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Impressões pessoais sobre notícias ou sobre episódios cotidianos, além de informações de utilidade pública.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sobral

Antes de começar a teclar minha opinião sobre a matéria publicada na revista Veja à (des)respeito de Sobral (http://veja.abril.com.br/300909/the-united-states-of-sobral-p-144.shtml), há quase um mês, gostaria de fazer, digamos que um prólogo retrospectivo e comparativo. Eu explico: a polêmica sobre aquela matéria me fez recordar que Sobral já havia sido mencionada, embora de maneira tímida, pela Veja, em 1998.

Lembro-me que, há 11 anos, meu pai era assinante da Veja, ou melhor, ele pagava uma assinatura no meu nome, pois, como eu estava finalizando o ensino médio e estava para prestar vestibular, ele achava que eu devia ler bastante. De fato, embora a Veja não seja um bom exemplo em formação de opinião, aquilo me ajudou muito e sou grato ao meu querido velho por tudo.

Pois bem, em março de 1998, chegou às minhas mãos uma edição cuja matéria da capa versava sobre o desenvolvimento de cidades do interior e a migração de pessoas das capitais para cidades menores em busca de qualidade de vida. Lembrei-me que aquela matéria falava sobre Sobral, mas, por incrível que pareça, não falava sobre Juazeiro do Norte. Então, fiz uma pesquisa nos arquivos da revista na rede e veja o que encontrei:

http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx?edicao=1537&pg=05.

http://veja.abril.com.br/110398/sumario.html

Desde então, eu já sentia um pouco de vontade de virar adepto do arcadismo e fugir do ambiente de concreto em que eu vivia. Só não imaginava que seria tão bom viver no interior como eu vivo hoje. Para quem não sabe, arcadismo era uma corrente de pensamento literária do final do século XVIII que pregava o escapismo das cidades para a vida no campo. Sua máxima era carpe diem (aproveite o dia), e Tomás Antônio Gonzaga, que participou da Inconfidência Mineira (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/04/48-edicao-de-2009.html), foi um dos principais nomes da corrente no Brasil.

Voltando ao foco, acredito que a tendência ainda seja essa, de as pessoas de bom senso deixarem as grandes cidades supersaturadas e partirem em busca de novas oportunidades em locais menos badalados. O eixo RJ-SP só está bom para quem é do meio artístico. Então, em busca de uma vida nova, deixemos para trás as metrópoles e vamos para Passárgada, porque dela "ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer um que ama e comete a mentira." (Apocalipse 22:15).

Agora, eu gostaria de fazer umas explanações sobre a situação atual de nossa cidade, comparando e atualizando as informações fornecidas pela revista, em 1998:

- A população saltou de 138000 para quase 200000, incluindo os habitantes dos distritos.

- Um apartamento de 3 quartos em bairro nobre saltou de 50000 para pelo menos 200000. Os aluguéis não são baratos. Uma casa com quatro quartos, sendo um de empregada, apenas uma vaga na garagem, em alguns bairros, pode sair por 700 reais.

- A Grendene continua por aqui, como um dos maiores empregadores da cidade, juntamente com a fábrica de cimentos Poty, que é mais antiga.

- A cidade já era universitária, em 1998, quando contava com apenas uma universidade. Minha mãe se formou lá, na década de 70. Agora, Sobral conta com quatro instituições de ensino superior e atrai jovens de todo o Estado. A expansão do ensino superior começou em 1999, quando a Universidade Federal do Ceará (UFC) abriu uma sucursal de sua faculdade de direito, sediada em Fortaleza. Alguns anos depois, esse curso avançado foi transferido para a universidade local, a Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UEVA), chamada antigamente de UVA. Em 2001, a Faculdade de Medicina da UFC, da qual tenho a honra de fazer parte, também abriu uma sucursal aqui, e em 2006, a UFC abriu novos cursos e instalou oficialmente um campus na cidade, que ainda está sendo construído. Desconheço as qualidades dos ensinos fundamental e médio em Sobral na época, mas hoje a cidade conta com boas escolas particulares, dentre elas destacam-se duas, que apresentam boa competitividade em relação às escolas particulares de Fortaleza. Uma dessas escolas é filial de uma rede de escolas da capital.

- Não sei se havia supermercado aqui, na época. Hoje, são quatro redes de supermercados atuando na cidade, sendo duas locais e duas da capital.

- Aquela matéria fala de "um shopping center em construção". Até hoje, ele não saiu do papel. Temos, no máximo, alguns pequenos centros comerciais abertos. A cidade já dispõe de um cinema, com quatro salas, dentro de um supermercado.

- A cidade ainda não conta com um sistema de transporte coletivo organizado e adequado para os tamanhos da população e do perímetro urbano. Existe apenas uma linha de ônibus, com cobertura limitada. Os carros precisam navegar por um mar de motocicletas e de bicicletas. Quem não tem meio de transporte próprio, se vale dos mototáxis, uma invenção genuinamente cearense, dos táxis e dos transportes alternativos em vans ou em microônibus, que no Ceará são chamados de topiques e em São Paulo são chamados de peruas. Para quem vai aos distritos da zona rural ou aos outros municípios da região, estão disponíveis ônibus velhos, topiques e até os velhos "paus-de-arara", que chegam e partem de praças e do mercado. Também é possível viajar para alguns daqueles lugares, pagando um pouco a mais e com um pouco de conforto a mais, nos ônibus de linhas regulares que embarcam e desembarcam exclusivamente na rodoviária, ao custo de R$ 1,00 pela taxa de embarque. O transporte ferroviário, outrora fonte de grandes emoções, assim como em quase todo o país, aqui também se encontra no ostracismo. A antiga estação ferroviária, que, há alguns anos, serviu de rodoviária provisória, quando a rodoviária municipal foi reformada, está fechada. Existe a promessa de revitalização ferroviária com a construção de um metrô de superfície, ligando alguns bairros entre si. Esse metrô está previsto para ficar pronto antes do metrô de Fortaleza, o Metrofor, cujas obras começaram há mais de dez anos. Já existe uma polêmica em torno da necessidade questionável do projeto. Saiba mais em http://www.ceara.gov.br/noticias/licitacao-de-projeto-e-supervisao-do-metro-de, http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/pge-marca-data-para-lancar-edital-do-metro-de-sobral/, http://talesbenigno.blogspot.com/2009/07/metro-de-sobral.html e http://opovo.uol.com.br/cidades/907925.html.

- Nosso aeroporto ainda é um pequeno campo de pouso com pouco mais de um quilômetro de pista, onde só pousam e decolam "teco-tecos", bimotores, ultra-leves e, às vezes, algum jatinho. Ainda não fomos incluídos nas rotas das grandes companhias aéreas.

Entretanto, fala-se em construir aeroportos em Aracati (http://blogs.diariodonordeste.com.br/egidio/turismo/reiniciadas-obras-do-aeroporto-de-aracati/) e até perto de Jericoacoara. Este último está causando grande polêmica, gerando disputa acirrada entre duas cidades vizinhas, como se pode ver em http://escutaaereafortaleza.blogspot.com/2009/01/aeroporto-de-jericoacoara.html, http://opovo.uol.com.br/opovo/ceara/879640.html e http://blogs.diariodonordeste.com.br/egidio/meio-ambiente/aeroporto-de-jericoacoara-a-19-km-da-praia/. Sobre isso, comentei em alguns sítios o seguinte:


 

Esse aeroporto deveria ser construído mesmo era em Sobral, que é a cidade mais desenvolvida e pólo da Zona Norte, que precisa de um aeroporto e que fica relativamente próxima à Jericoacoara. Outra, deviam abrir logo de uma vez uma rodovia de vergonha para que Jericoacoara não fique mais tão isolada. Penso nas pessoas que estiverem lá e precisarem de atendimento médico de urgência e emergência avançado. Como elas seriam transferidas para Sobral, ou mesmo para Fortaleza, sem estrada para as ambulâncias passarem??? "Abrir estrada causa impacto ambiental". Impacto ambiental??!! Que exemplo maior de impacto ambiental que a Transamazônica, além de um grande desperdício de verbas públicas???


 

- O custo de vida aqui não é tão baixo, mas o ganho em qualidade de vida e em salário, especialmente para algumas áreas, como a medicina, compensam. Por isso muitos médicos de outros Estados, e até de outros países, vêm morar e trabalhar aqui. Eu já avistei por aqui algumas caras conhecidas do passado, que devem ter se mudado para cá. Infelizmente, a cidade não é mais tão tranqüila como costumava ser. Os crescimentos desordenados da população e do tamanho da cidade geraram exclusão social, assim como em outros lugares. Este foi o preço do progresso (http://blogdocrato.blogspot.com/2009/10/sequelas-do-crescimento.html). Entretanto, o nível de violência aqui não se compara ao de Fortaleza. Por isso eu gosto tanto daqui e me sinto mais à vontade do que em Fortaleza.

- Já contamos com quatro hospitais, todos privados, mas três deles prestam serviços avançados ao SUS. Existe a promessa de um hospital a ser erguido pelo governo estadual, até o final de 2010. Comentarei sobre isto em outra ocasião.

- A vida noturna deixa a desejar. Ela se resume a alguns bares, restaurantes e, esporadicamente, alguns shows de forró e festas de aniversário de 15 anos. Havia uma boate que fechou, há cerca de dois anos.

- Há uma emissora da Jovem Pan FM na cidade, que detém grande audiência entre o público jovem, especialmente nas academias. Existe um projeto para instalação à curto prazo de uma emissora de TV na cidade. Já deveria ter ido ao ar este ano. Dizem que Sobral é um buraco onde as ondas eletromagnéticas fazem a curva e que isto teria facilitado o trabalho da equipe de Einstein em comprovar a Teoria da Relatividade aqui. Seria um jeito pejorativo de dizer que os sinais de rádio e de televisão não tem boa penetração, nesta área geográfica, requerendo equipamentos especiais, como antenas parabólicas para melhor captação. Não sei como era a situação, em termos de telecomunicações, por aqui, há onze anos, mas posso assegurar que aqui ninguém fica isolado do resto do mundo. A cidade é coberta pelas quatro maiores operadoras de telefones celulares do país, pelas maiores operadoras de TV por assinatura e já está disponível acesso à Internet 3G. Sobre as emissoras de rádio, não apenas de Sobral, mas do mundo em geral, gostaria de fazer uma postagem à parte.

- Sobre nossa rede hoteleira, não posso falar muito, devido à minha inexperiência. Quando eu vim aqui prestar vestibular, fiquei hospedado em hotéis mais simples, limpos, tranqüilos e satisfatórios. Os visitantes mais exigentes costumam dirigir-se a um hotel na Serra da Meruoca, há quinze ou vinte minutos de viagem a partir do centro.

- Por fim, considero indispensável falar sobre nosso maior calcanhar de Aquiles, motivo de chacota por parte dos que vivem em Fortaleza: nosso clima. Aqui, na maior parte do ano, especialmente de setembro à dezembro, o popular período dos "b-r-o-brós", faz calor quase todos os dias, o dia inteiro. A temperatura na sombra pode chegar à 38 graus. Apenas à noite alivia um pouco, mas continua quente. Engraçado é que já não sinto mais tanto calor quanto eu sentia, nas primeiras vezes em que estive aqui. Talvez eu já esteja aclimatado. Consigo até viver sem ar condicionado, coisa que não possuo em casa.


 


 

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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Postagem de 23102009

Retomando um dos temas da semana (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-13102009.html), o alcoolismo é muito levado na brincadeira no Brasil. Por isso que as pessoas, desde cedo, dependendo do meio cultural e religioso em que vivem, são incentivadas por familiares, por amigos e pela mídia a tomarem como prática regular e deleitosa o consumo de bebidas alcoólicas. Parece um torneio. Homens de diversas idades bebem e são instigados a beber como se estivessem competindo para ver quem bebe mais e se embriaga menos. Acredite. Isso acontece. Conheço gente que bebe muitas garrafas de cerveja mas não apresenta sinais de embriaguez e ainda consegue dirigir. Eu sou fraco para bebida. Se eu botar um pingo de cerveja na boca, eu já me sinto alterado, com as mãos dormentes e com a sensação de que o ar ao redor está mais denso. Se for vinho, eu ainda tolero bem. Mesmo assim, bebo raramente. Evito a bebida ao máximo. Até porque, se eu começar a beber cerveja, sinto vontade de beber mais. É, meu amigo. Bebida é perigoso. Por mais amarga que seja, ela o induz a desgustá-la cada vez mais. Ela não prende pelo paladar, prende pelo neurônio. Bebo raramente. Se eu tiver de beber, só se for em casa, de preferência um bom vinho, e se eu tiver certeza de que não vou mais precisar sair de casa naquele dia. Eu dirijo, sabe. Evito dirigir se tiver posto uma gota de álcool na boca, não por medo de blitz, mas por mim, porque tenho plena consciência de que não tenho condições de dirigir, naquelas condições.


 

Continua...


 


 

Querido jaleco 2

Na última postagem, escrevi sobre o costume do jaleco, esse velho companheiro inseparável de muitos estudantes da área de saúde, muitas vezes por opção própria, desde os primeiros semestres dos cursos, como símbolo de status. Depois da formatura acabam sendo esquecidos.

Em diversos lugares do Brasil, há médicos que, de tão consagrados, se dão o luxo de trabalharem sem jalecos, acreditando que não precisam mais deles para ser reconhecidos como médicos. Às vezes, basta-lhes um estetoscópio pendurado no pescoço. Assim, esperam que todo mundo no hospital os cumprimente como se fossem políticos.

Isso me lembra um causo acontecido com um companheiro nosso, que, ao participar de um congresso de traumatologia, passou vergonha. Quase todos os presentes, inclusive outros estudantes de medicina, estavam de terno e gravata, enquanto ele, que estava de calça jeans, tênis e camisa casual, apresentou um trabalho científico assim mesmo, com as mãos nos bolsos quase o tempo todo, para espanto da banca examinadora. Se ele tivesse ao menos vestido um jaleco, teria ficado um pouco melhor caracterizado e aliviado a tensão no ambiente. Esse povo que talvez mal use jaleco ainda vem criticar as roupas do meu amigo. Como é que pode???

Vou investigar mais afundo essa história de jaleco. Quero saber como e onde tudo começou dessa tradição.


 


 


 


 

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Querido jaleco

Você deve estar lembrado de que, na postagem anterior (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/monday-monday.html), eu disse que os médicos estão cada vez mais deixando de usar o jaleco no local de trabalho. Pois bem, ontem, estava eu tomando café-da-manhã no refeitório do hospital, quando um certo médico ginecologista, que eu não me lembro quando foi a última vez que o vi de jaleco, disse para outro médico que estava na mesa que, no seu tempo de interno, ninguém podia adentrar seu hospital-escola, nem mesmo o diretor do hospital, sem um crachá. Não sei por que ele falou isso. Eu só prestei atenção na conversa a partir do momento em que ele falou isso. Talvez porque tenha perguntado a alguém porque os internos não usam crachá. Então, pensei com meus botões, que, se há médicos que entram no hospital sem jaleco e que, se entrassem só de cueca, ninguém chiaria, imagine sem crachá.

Talvez esse desuso do jaleco tenha alguma influencia da série de TV "Dr. House". O protagonista, que atende pelo nome do programa, não usa jaleco, é antiético, mal-educado, frio, sarcástico, fanfarrão, faz o que lhe der na telha dentro do seu hospital e desmoraliza a diretora do lugar. Mesmo assim, ele desperta a tolerância entre os que estão ao seu redor e a simpatia dos telespectadores por conta de sua genialidade e criatividade. Mas não era bem sobre isso que eu queria teclar agora. Depois eu escrevo mais coisas interessantes sobre a série.

Voltando à questão dos jalecos, questionei duas autoridades cearenses em educação médica sobre a tradição do uso do jaleco, se ela deve ser mantida ou não. Eles me prometeram respostas em seus blogues http://preblog-pg.blogspot.com/, http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/ e http://blogdopg.blogspot.com/. Por sinal, eu já comentei sobre uma dessas autoridades em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/07/podia-ser-um-blogueiro.html.

Eu fiz a eles as seguintes indagações:

"...o que os senhores pensam sobre o jaleco? Qual a importância de usar jaleco? Tenho observado que os médicos pouco a pouco estão querendo abolir o jaleco. Muitos médicos, em diversas especialidades, especialmente na psiquiatria, não usam mais ou nunca usaram jaleco em serviço. Nunca vi um psiquiatra usando jaleco em canto algum. Nas outras especialidades, como nefrologia, infectologia, gineco-obstetrícia, hematologia, reumatologia, neurologia, oncologia, entre outras, existem profissionais que não usam jaleco, enquanto os residentes e os internos são obrigados a suportar diariamente um "gibão branco" feito de tecido incompatível com nosso clima tropical, senão são barrados nas portas dos serviços. Em Sobral, já houve até "staff" passando visita na enfermaria calçando chinelos. Ai de mim se eu fizesse isso."

"Sobre o jaleco, o que os senhores acham? Devemos continuar militando em defesa deste costume para não permitir que ele sucumba nas próximas gerações de médicos, apesar de alguns acharem que não precisam mais dele para serem identificados como médicos? Da minha parte, vou manter este costume, independentemente de minha especialidade. Só não concordo com quem desfila de jaleco fora do ambiente de trabalho, transportando microorganismos."

Confira a resposta de um deles em http://blogdopg.blogspot.com/2009/09/o-uso-do-jaleco.html.

Para minha surpresa, encontrei uma referência ao meu blog em um dos blogues dos irmãos Gurgel (http://gurgel-carlos.blogspot.com/2008/08/mdicos-blogueiros-no-cear.html). Sinto-me honrado com isto. Só me resta conhecê-los pessoalmente. Obrigado.


 


 


 


 


 


 


 


 

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Monday monday


Segunda-feira é dia de ressaca. Dia de prestar contas dos excessos cometidos nos finais de semana por você ou pelos outros. Dia de expiação dos pecados. Dia de penitência, com trabalho e reflexão, após a passagem do domingo, que é dia da graça do Senhor.

Dito e feito. Pelo menos em parte. Eu já sabia que, nas manhãs de segunda, encontraria muito serviço, ao chegar à Emergência da Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Entretanto, nunca imaginei que encontraria uma algazarra tal como encontrei ontem. Não pude deixar de registrar aquele momento. O ambiente estava mais abarrotado e barulhento que o habitual e qualquer um poderia se confundir com a barulheira, tropeçar nos pacientes e se perder lá naquela selva.




Nem todo mundo que estava lá cometeu excessos ou estava lá por vontade própria. Mas nem todo mundo que estava lá realmente precisava estar. Isto significa que a atenção primária na saúde ainda não está bem estruturada, principalmente em outros municípios do norte cearense.

Gente, se me permite a comparação, sala de emergência ou pronto-socorro não é para internar ou empilhar pacientes, assim como delegacia não é para guardar bandidos. Lugar de paciente hospitalar é na enfermaria, e de bandido é no presídio. Eu acho que já conversamos sobre isso (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-08102009_08.html). Impressionante é que, segundo o livro "Agosto", de Rubem Fonseca, o Rio de Janeiro já enfrentava esses problemas, em 1954!!!

Quando cheguei a Sobral para cursar medicina, fiquei maravilhado com o hospital, achando que ele fosse melhor que os hospitais de Fortaleza, porque não havia gente deitada em macas nos corredores. É porque eu ainda não conhecia a sala de emergência. Foi decepção de mais. Na sala de aula da faculdade, aprendemos uma coisa. Em campo, vemos que tudo é quase que completamente diferente. Muitos médicos não agem da maneira como somos instruídos a agir e presumo que eles também foram instruídos assim, a começar pela crescente abolição do uso do jaleco e do decrescente altruísmo e compromisso em relação ao paciente. Talvez por isso a classe médica esteja se convertendo em alvo de pogrom promovido por elementos dos ministérios públicos e do poder judiciário. Gostaria de me aprofundar neste assunto em outra ocasião e estou pensando em criar um blog só para discutir essas questões de saúde pública.

Aproveitando o ensejo, como domingo passado foi Dia dos Médicos, se algum deles porventura passar por aqui, desejo que se sinta cumprimentado e que reveja minha postagem do ano passado relativa à data em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/10/dia-do-mdico-retrasado-muita-falta-de.html.

Em homenagem à segunda-feira "negra", que foi o dia de ontem, 19 de outubro de 2009, que fechou com uma mulher, vítima de atropelamento, chegando aos prantos ao pronto-socorro e indagando pelo filho que estava com ela e infelizmente ele não resistiu, além de uma companheira nossa sendo assaltada na saída do hospital, vou postar aqui o clipe e a letra de uma música em homenagem à todas as segundas-feiras do mundo. Por sinal, essa canção aparece e inspira um livro que eu comentei em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/02/dica-de-livro-1.html.



Bah-da bah-da-da-da
Bah-da bah-da-da-da
Bah-da bah-da-da-da

Monday, Monday, so good to me
Monday mornin', it was all I hoped it would be
Oh Monday mornin', Monday mornin' couldn't guarantee
That Monday evenin' you would still be here with me

Monday, Monday, can't trust that day
Monday, Monday, sometimes it just turns out that way
Oh Monday mornin' you gave me no warnin' of what was to be
Oh Monday, Monday, how could you leave and not take me

Every other day, every other day
Every other day of the week is fine, yeah
But whenever Monday comes, but whenever Monday comes
A-you can find me cryin' all of the time

Monday, Monday, so good to me
Monday mornin', it was all I hoped it would be
But Monday mornin', Monday mornin' couldn't guarantee
That Monday evenin' you would still be here with me

Every other day, every other day
Every other day of the week is fine, yeah
But whenever Monday comes, but whenever Monday comes
A-you can find me cryin' all of the time

Monday, Monday, can't trust that day
Monday, Monday, it just turns out that way
Oh Monday, Monday, won't go away
Monday, Monday, it's here to stay
Oh Monday, Monday
Oh Monday, Monday



Bah-da bah-da-da-da
Bah-da bah-da-da-da
Bah-da bah-da-da-da

Segunda, Segunda, tão boa pra mim
Manhã de Segunda, foi tudo que eu esperei que fosse
Oh manhã de Segunda, manhã de Segunda não poderia garantir
Aquela noite de Segunda você ainda estaria aqui comigo

Segunda, Segunda, não posso confiar naquele dia
Segunda, Segunda as vezes isso termina daquele jeito
Oh manhã de Segunda você não me deu sinal do que aconteceria

Oh manhã de Segunda como você pode partir e não me levar?

Todos outros dias, todos outros dias
Todos outros dias da semana está bem
Mas quando Segunda chega, Mas quando Segunda chega
Você pode me encontrar chorando o tempo todo

Segunda, Segunda, não posso confiar naquele dia
Segunda, Segunda as vezes isso termina daquele jeito
Oh Segunda, Segunda, não vá embora
Segunda, Segunda, aqui que é pra ficar



http://vagalume.uol.com.br/mamas-papas/monday-monday-traducao.html.


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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Postagem de v gcv vbv ccxcccccccxccv vb vvvvv v vvvvcvvvvvv vvbgvvvvvvvv nnnnm b bnbbnnnnnhh , .,,,

Calma, não se assuste. Como estamos na semana do Dia da Criança, vou postar a seguir um texto escrito pela minha afilhadinha Ingrid, de 2 aninhos + 10 meses, que estava, ainda há pouco, dedilhando a esmo no teclado deste computador. Quando ela crescer, talvez ela nos traduza este texto:

Mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm  mmmmmmmmm mmnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnhjjjjjujuuuuuuvgg juu.  Nvnnvnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnncnnnnnnnnmn nnnnnnnnnnnnnn nbnbnnbnbnvnnccn nvnvnnnvvvv vvvnvnvnvnvnvnvnvnvnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnvmv bbmmmmmmmn  mnmmmmmmmmmmmmmbmm mmb bbbbbbbbbbbbbbmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmkkkkvm   m mmmm m  nmmnnnnnn nnnnnnnnnnnnnnnnnnbnbnbnnnnmmnnnnn nnnnnnnnnnnnnnbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbnn   nbn mmm mm, llv nmmmmmmmmmmmbmnn     m mmm mnm,m m,,,,, .,,...  ; ,vvvvm ddfjjlç~[[guuop´´[[[huuuuuuuuukiioikooppppokkkklkknmnmnmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm  m  ,m.,,,,,.,,...mmm   n  n mmmmmmmnmmnnnkkjbnnnnn,,,,,,,,,,,,mmm,,,,nn mbbvvc vb nbmb nnmm,,.;;/ bb   vvxxsz\dhkjkll
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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Postagem de 13.10.2009


Na noite passada, vi no Jornal da Globo uma matéria sobre o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes, em uma área turística de Fortaleza, que foi referida nos seguintes blogs:
Isso não me surpreende nem um pouco. Não é de hoje que isso acontece, não apenas em Fortaleza, mas em qualquer lugar do Brasil. Isso me fez lembrar um causo que chegou aos meus ouvidos, recentemente.
Reza a lenda que, em Sobral, um conceituado médico promoveu uma festa de aniversário em comemoração aos quinze anos de sua filha. Naquela festa, houve um intenso consumo de bebidas alcoólicas por parte de convidados muito jovens, pessoas que tinham a partir de doze anos de idade. Conta-se que o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado para o bufê onde se desenrolava a festa pelo menos duas vezes, porque havia jovens beirando o coma alcoólico. Apesar de o referido médico ser diretor de um hospital local e irmão de um ex-deputado estadual, que é filiado a um partido de oposição à atual gestão municipal, que é dono de uma emissora de rádio e de uma rede de postos de combustíveis, me surpreende que esse incidente não tenha sido divulgado pela imprensa local, nem se tornado um caso de polícia. Tudo bem. O coitado do médico não cometeu outro erro a não ser o de se omitir da responsabilidade de evitar que isso acontecesse. Para quem não sabe, o álcool em excesso pode causar arritmias. Se aqueles jovens tivessem sofrido arritmias, teria aquele médico conseguido fazer cateterismo em todos eles??? Para quem não sabe, cateterismo é o ato de passar um cateter por um grande vaso sanguineo até chegar ao coração e desobstruir um vaso entupido.
Agora me deu vontade de abrir uma reflexão sobre o mau atendimento prestado pelo SUS em Sobral. Mas acho melhor deixar isso para outra oportunidade. Nos próximos dias, darei continuidade a essa questão do alcoolismo.








segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CRIANÇADA

Como está chegando mais um Dia das Crianças, aproveito a deixa para contar minhas reflexões sobre a infância.
Acreditaria se eu dissesse que, há alguns anos, eu assistia ao “Xou da Xuxa” e, quando a apresentadora entrava no seu disquinho voador para ir embora, eu chorava copiosamente??? Acreditaria se eu dissesse que eu era fissurado naquela loura e que eu e minhas irmãs convencemos nossos pais a comprarem quase todos os LPs que ela lançou, na década de 80??? Falando em comprar, meu pai, meu querido pai. Ele me comprou quase todos os brinquedos que eu via nos comerciais de TV e ia logo pedir a ele. Tive quase todos os bonecos dos personagens do desenho do He-Man. Eu nem merecia tanto. Até porque acho que não dei o devido valor a isso. Sou grato a ele e a minha mãezinha por tudo que fizeram por mim. Compensá-los-ei quando puder. Enquanto, na minha infância, eu tinha um bom padrão de vida, estudando em escola particular e ganhando brinquedos frequentemente, havia pessoas em minha família que não tinham de longe a mesma sorte que eu.
Enfim, eu e minha manas tivemos uma infância feliz, embora ela não tenha chegado perto daquilo que nossa imaginação preconizava.
Segundo minha avó, na verdade somos todos crianças enquanto nossos pais estão vivos. Querendo ou não, somos dependentes deles até o fim, porque temos alguém que sempre esteve perto de nós com quem contar. Quando eles nos deixam, ficamos verdadeiramente sós, com nossas raízes cortadas e nossos portos seguros destruídos. O seguinte trecho da canção “Filtro solar”, cujo clipe postei, no fim de 2008 (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/12/edio-de-21-12-2008.html), retrata a importância de manter boas relações com os pais e com os irmãos desde a infância:

Dedique-se a conhecer os seus pais.
É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado
e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.

      
Aproveitando que o assunto é infância, vi recentemente uma reportagem sobre o uso de celulares pelas crianças (http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1322773-17397,00-PAIS+E+ESCOLA+DEVEM+ESTIPULAR+LIMITES+NO+USO+DE+CELULARES+DIZEM+ESPECIALIST.html). Já havia teclado sobre isto aqui e sustento minha opinião em http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/12/edio-bombstica-de-26-12-2008.html. Menores de 18 anos não deviam portar celulares. É muita liberdade precoce para crianças e adolescentes e muito estímulo negativo ao consumismo.



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Postagem de 08.10.2009 n° 2

Às vezes penso que estou fazendo o bem, mas, na verdade, posso estar fazendo mal a alguem. Nesta quinta, fui responsável por cerca de meia dúzia de internações na emergência do hospital em que estou estagiando. Por um lado, estou salvando-lhes as vidas. Por outro, estou submetendo-as à condições subumanas. É como se eu tivese acorrentado aqueles pacientes. Graças a mim, eles passarão a noite ao relento com seus familiares nos saguões e corredores da emergência, deittados em macas ou até mesmo sentados, enquanto eu vou para minha casa, onde vou jantar, tomar um banho, entrar no meu quartinho e dormir em minha caminha. Aqueles que estão nos corredores dos hospitais, nas delegacias e nos presídios gostariam de estar no meu lugar. Lamento e rezo por todos eles.
Esses hospitais de emergências por onde tenho passado muitas vezes parecem hospitais de campanha. Aqui deixo o mote. Vou me aprofundar sobre isto em outro momento.


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Postagem de 08.10.2009

Não sei se é bem verdade tudo o que a imprensa diz a respeito dos “sem-terra”. Em caso de resposta positiva, ainda que a causa deles seja legítima e a luta deles seja sincera, parece que desta vez, eles passaram dos limites. Se você quer se manifestar contra as injustiças e contra as desigualdades, destruir o que pertence àqueles que tem um pouco mais que você não é a melhor maneira. Se eu entro na mansão de um rico e destruo o que tem lá dentro só porque ele tem o que muita gente não tem, além de ser egoísta e invejoso, por achar que ele não tem direito de ter, estou me rebaixando ao mesmo nível de qualquer assaltante, que acha que o que faz é certo, que suas atitudes são um trabalho como qualquer outro, que aqueles que têm um celular melhor que o dele não têm o direito de tê-lo, que eles têm apenas a obrigação de compartilhar seus celulares e outros bens com ele. Enfim, nos acostumamos a permitir que, nesta sociedade, qualquer um consiga o que quer de graça, apenas com o uso da força, e que uma horda de parasitas opte por esse estilo de vida, vivendo às custas do que os outros pagam para que eles tenham. Voltarei a comentar sobre isto.
Foi uma atitude prepotente a do MST de invadir aquela fazenda e destruir várias laranjeiras. Ali estava patente que eram terras produtivas, que foram cultivadas por gente trabalhadora, honesta e decente. O proprietário das terras aparentemente não tem culpa de ter mais terras que muita gente. Não é tomando de quem tem e que aparentemente suou honestamente para ter que se vão resolver as desigualdades. Se eu, por exemplo, tenho um carro, um computador e um celular, eu trabalhei para tê-los. Tudo bem que muitos podem ter trabalhado mais que eu mas não têm o que eu citei, mas eu não tenho culpa se muitos moradores do Pirambu, em Fortaleza, não têm essas coisas. Seria injusto se me tomassem essas coisas e me deixassem no prejuízo, pois eu paguei por elas. Não quero com isso defender a propriedade privada, tampouco os interesses das elites. É apenas uma questão de justiça. “Daí a César o que é de César e à Deus o que é de Deus”. Voltarei a comentar sobre isto. Por hora, leiaesmo  direito de ter, estou me rebaixando ao ntra as desigualdades, destruir o que pertence :



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sábado, 3 de outubro de 2009

Postagem de 03.10.2009



Apesar da vergonha que sinto em ter o Rio de Janeiro como cartão postal e espelho do meu país, não posso esconder minha surpresa e minha satisfação em saber que ele albergará as Olimpíadas em 2016. Desta vez, o Brasil, como em um jogo de sinuca, encaçapou duas bolas de uma vez, na mesma década, pois, nos anos 2010, sediará duas grandes competições internacionais, com um hiato de dois anos entre elas: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Em outra oportunidade, quero comentar aqui a respeito da copa. Espero que possamos nos esforçar mais para que, até 2014, resolvamos a maior parte de nossas mazelas sociais. Apesar de o Rio estar longe de ser um modelo de qualidade de vida e de ser uma péssima influência para o resto do país, acredito que ele esteja apto a receber os Jogos Olímpicos. Isto ficou provado por “A + B”, quando o Rio foi sede dos Jogos Panamericanos de 2007. Correu tudo bem, apesar de os organizadores e o poder público terem dormido no ponto e executado a maioria das obras em cima da hora.
Me surpreendi porque achei que Tóquio seria a escolhida, por ter mais pontos positivos que as outras candidatas, entre eles o de ter mais vagas disponíveis em hotéis. Ainda bem que não foi, porque Tóquio já sediou uma vez, em 1964. Os outros países envolvidos também já receberam olimpíadas. O Brasil, assim como a maioria dos países subdesenvolvidos, nunca. O único deste grupo que conseguiu tal proeza até agora foi o México, em 1968. Naquela ocasião, dois atletas afro-descendentes norte-americanos, ao subirem ao pódio para receberem suas medalhas, fizeram o símbolo gesto de protesto dos black powers contra a opressão sofrida pelas pessoas de cor nos EUA. Pagaram caro por aquilo. Eles se tornaram símbolo da luta contra as desigualdades raciais, mas isto foi o fim de suas carreiras esportivas. Até um atleta australiano que subiu ao pódio com um deles e os apoiou abertamente foi apenado, do mesmo modo. São mártires do esporte. Deus os abençoe (http://en.wikipedia.org/wiki/John_Carlos).





Um dia desses, no Jornal da Globo, Arnaldo Jabor lamentou que, nos países que receberam olimpíadas recentemente, a maior parte da infra-estrutura esportiva montada ficou subutilizada ou até mesmo sucateada, após os eventos. Foi o caso de Atenas. Renovam-se as esperanças de que a vinda de dois grandes eventos esportivos internacionais ao Brasil incentive a prática de esportes entre crianças e adolescentes e de que os governos também incentivem essa prática no sentido de aumentar as oportunidades profissionais e de reduzir as desigualdades sociais. Espero que isso não seja mais uma vez “fogo de palha”, como se diz naquela clássica parábola do semeador, contada no Evangelho, que fala sobre sementes que chegaram a germinar, ao caírem em solo pedregoso, mas que não cresceram muito porque o solo era raso, pouco fértil, com raízes superficiais, e que acabaram ressecadas pelo sol. Comparo isso com a empolgação efêmera que contagia os brasileiros, durante as eleições, as olimpíadas e as copas:

"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".

Mateus 13:4-9.
        
Enfim, apesar dos pesares, boa sorte para nós brasileiros e mãos à obra. Quem sabe um dia o esporte e a educação melhorem nossa qualidade de vida.
Saiba mais em:
Veja também a opinião do companheiro Felipe sobre o assunto: http://comcienciabrasil.blogspot.com/2008/09/pan-americano-do-brasil.html.

Relembrando a situação com reféns em Sobral que contei na última postagem (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2009/10/postagem-de-01102009.html), gostaria que os policiais daqui lessem a seguinte notícia e aprendessem com os paulistas: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1328197-5605,00-POLICIA+LIBERTA+REFEM+DEPOIS+DE+SEIS+HORAS+DE+NEGOCIACAO+EM+SP.html.



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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Postagem de 01.10.2009

Ontem, houve um episódio inusitado e raro em Sobral: um assalto com reféns que durou pelo menos oito horas. Aconteceu a poucos quarteirões de minha casa, na residência dos proprietários de um hotel, no mesmo bairro. A casa, pasme, fica em frente ao posto avançado da Polícia Federal. Um sujeito identificado como Francisco de Jesus Pereira, vulgo Neguim do Diogo, invadiu a casa por volta das três da tarde e fez como reféns duas crianças, uma empregada e um filho dos donos da residência. Eles foram sendo liberados aos poucos. O sujeito quis bancar um artista, imitando o mau exemplo dos marginais do Sudeste que praticam esse tipo de seqüestro, ao se verem acuados: fez exigências mirabolantes, como dinheiro, notebook e alguns carros para fugir. Isso mesmo que você leu, alguns carros. O sujeito era tão pretensioso e orgulhoso que pediu vários carros diferentes, cada um com chofer, de preferência um delegado, mas nenhum o agradou. Talvez quisesse fugir com alguma quadrilha. Só faltou pedir um helicóptero e o notebook vir com internet 3G. O pessoal daqui sabe negociar que é uma beleza. Deram quase tudo que ele quis. Deixaram-no sair da casa e ir embora com dois reféns e um delegado ao volante, até que ele fosse interceptado em uma rodovia na saída da cidade. Se ele seria preso de qualquer jeito, podiam ter abreviado esse episódio, impedindo-o de sair da casa de outra maneira que não fosse algemado ou mesmo em um saco preto.


Há rumores de que ele se dirigiu àquela casa com tudo planejado e com informações privilegiadas, que teriam sido repassadas por alguma empregada da casa. Se ele estava querendo sentir o gostinho da fama, ele conseguiu, mas se deu mal. De qualquer maneira, ele já estava cercado, não havia como fugir. Apenas deram alguma brecha para que ele pensasse que se safaria. Mas não havia alternativa além de, cedo ou tarde, se entregar, por bem ou por mal.

Falando em brecha, a lição que podemos tirar disso é que os delinqüentes de uma cidade como Sobral são uns “anjinhos”, quando comparados com seus colegas de cidades grandes. Esses marginais caipiras, às vezes, tentam reproduzir as proezas de seus congêneres da capital e quebram a cara. Os marginais caipiras esperam as brechas aparecerem para agirem. Já os marginais de lugares como Rio e São Paulo cavam as brechas e ultrapassam quaisquer obstáculos. Nada pode detê-los. Muito viciados no “craque”, conseguem burlar quaisquer sistemas de segurança e entrar onde quiserem, sem medo da polícia. Eu já disse aqui uma vez que os bandidos daqueles lugares mais desenvolvidos e onde há mais exclusão social são mais espertos, audaciosos e agressivos. Depois vou me aprofundar nisso. Por hora, quero que confira em:

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1324677-5605,00-CAMERA+DE+SEGURANCA+FLAGRA+ASSALTO+A+MOTORISTA+EM+SP.html.

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1311441-5605,00.html.

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1319055-5605,00-ONDA+DE+INVASOES+A+RESIDENCIAS+ASSUSTA+COMUNIDADE+CHINESA+EM+SP.html.

Um amigo meu disse que ficou de frente ao cenário do crime e tirou fotos privilegiadas, inclusive do marginal. Vou tentar postá-las aqui em breve.

Saiba mais em:

http://www.sobralportaldenoticias.com/noticiasview.php?id=1728.

http://jangadeiroonline.com.br/blog/2009/09/familia-e-libertada-em-sobral-e-assaltante-se-entrega/.

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